quinta-feira, 8 de outubro de 2009

ANOS DOURADOS 12 - As 12 Horas

O ano de 1970, foi um daqueles anos que marcou a minha vida, em razão de muitas "passagens " interessantes que me ocorreram e que ainda me lembro como se fosse hoje.
Passagens que começaram pelo encerramento brusco do estágio que fazia numa determinada multinacional, passando depois pela minha aventura em terras portenhas para realizar o grande sonho de ver uma autentica corrida de carreteras (que já não eram mais aquelas carreteras tipo cupecitas que conhecíamos aqui no Brasil) e esta que agora lhes conto e que é: " uma interessante experiência de ver uma corrida de dentro dos boxes ".
Esta corrida nada mais era do que uma edição das famosas 12 Horas que seria disputada no Autódromo de Interlagos ( atualmente reverenciado como o Templo).
Ainda “vagal” aguardando a chamada para estágio na Ford – Willys ( para fechar as horas práticas que faltavam para conclusão do meu curso), aceitei o convite para ser “um ajudante faz tudo” no boxe de uma das equipes que participariam da corrida, cujo um dos pilotos guardo com carinho e emoção a saudade de sua prematura ausência de nosso convívio. A emoção era muito grande, pois para qualquer lado que eu virasse ou mesmo ia, acabava sempre tropeçando em algum daqueles “ destemidos e velozes cavaleiros ” ( Luisinho, Lian Duarte, Jaime Silva, Ugo Galina, Bird e seu irmão Nilson, Carlos Sgarbi, Ubaldo Lolli, Jan Balder, o próprio Marivaldo e outros) que por ali estavam habitando.
Os carros, eram um outro capítulo. As grandes feras tão esperadas por todos, uma Lola T70 , um Ford GT40 e um Porsche 910, não apareceram devido a triste realidade brasileira da época ( não sei se mudou muito): não conseguiram a tempo pneus apropriados e um acerto adequado dos seus motores. Assim os favoritos passaram a ser o Bino Corcel MKII da equipe da fábrica que eu dali a alguns dias iria iniciar o meu segundo estágio na área de engenharia Mecanica, a Alfa P33 do Marivaldo e a Alfa GTA do Lolli. Correndo por fora ainda tínhamos o Opala dos irmãos Clemente, o Snobs Corvair do Sgarbi e o protótipo FNM do Jaime Silva.
O Bino Corcel MKII que na verdade era um protótipo com o motor inglês FORD Cortina de Formula Ford e cambio Hewland, obteve o primeiro tempo de classificação, ficando em segundo a Alfa GTA do Lolli e surgindo em terceiro o Opala dos irmãos Clementes
Dada a largada tipo “Le Mans”, o Luisinho foi o mais rápido na corrida a pé até o carro, largando na frente e cruzando a primeira volta na liderança. Seguido de perto vinha o Jaime com seu protótipo FNM, o Lolli de GTA e mais espaçados os demais carros entre eles o Puma 1800 do Jan Balder, o belo Snobs do Sgarbi, mais um Puma 1800 do Walter Travaglini, a Alfa P33 do Marivaldo e outros que infelizmente não tenho aqui nas minhas anotações.
Durante a madrugada um forte nevoeiro caiu sobre Interlagos e com ele um grande número de abandonos.
No boxe o trabalho era bem dividido, ficando a carga maior, sob responsabilidade da turma da cronometragem, que ainda utilizava uma prancheta com três cronômetros para marcação de tempo. As paradas por incrível que pareça foram sempre perto do planejado e ai; a bagunça e o corre corre era geral ( muito pouco profissionalismo e muita raça - era o crepúsculo dos anos dourados). Infelizmente meu trabalho não durou muito, pois em decorrência da umidade da pista e dos pneus não apropriados para a P33, o Marivaldo derrapou, batendo o carro de forma violenta. Para nós " fim de corrida" , encerrando ai a nossa participação nestas 12 Horas de Interlagos. Daí para frente passei a ser um previlegiado espectador que pode assistir e viver aa corrida, de dentro dos boxes e viver intensamente todo aquele clima que só pode ser entendido por aqueles que algum um dia dele já participou.
As 12 Horas deste 1970, terminou com a vitória já esperada do Bino Corcel pilotado pelo Luisinho e o Lian A. Duarte, vindo em segundo a Alfa GTA do Lolli e do Campana (esta GTA era da equipe Jolly Gancia ) e em terceiro o bem preparado Opala dos irmão Bird e Nilson Clemente .

este foi o estado que ficou a Alfa P33 do Marivaldo - por milagre para êle nada de muito grave aconteceu, apenas leves escoriações.

aqui um dos momentos em que após uma parada no box o Bino está prestes a recuperar a sua posição de liderança. A frente vem a GTA do Lolli e Campana.

o protótipo Snobs com motor Corvair do Sgarbi ( sexto colocado) seguido pelo Puma 1800 do Walter Travaglini.

o Puma 1800 de Jan Balder que teve como parceiro o piloto Fernando Barbosa. Este Puma chegou em sétimo lugar.

Bandeirada da vitoria para a dupla Luis Pereira Bueno e Lian Abreu Duarte com o protótipo Bino Corcel MarkII

4 comentários:

  1. Era muito bommmm !!! Belo texto , parabens...

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  2. Caro Rui,

    Obrigado pela sua manifestação e audiência ao meu blog. Procuro de vez em quando, passar um pouco das alegrias que vivenciei nos anos 60 e inicio dos anos 70 (época aúrea do automobilismo romantico, batizada por meus companheiros como os Anos Dourados). Tempo em que os pilotos eram ainda pessôas acessiveis, sem esquemas de isolamento e proibição de acesso aos boxes (dizem que é "profissionalismo" e talvez é por isso que Interlagos esta cada vez mais vazio), e as equipes mais pareciam grandes famílias em confraternização.

    Um grande abraço e até a próxima,

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  3. Só fui sincero .
    Como disse o Bird na FEI , hoje piloto é "grife" tudo mudou e muito . Bons tempos !!!!
    Um abraço

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  4. Oh Fer... desculpa Hiperfanauto, quando é que vae escrever aquela história, que voce, seu filho e os amigos do RC participaram fornecendo combustivel para as equipes brasileiras e estrangeiras que correram as Mil Milhas (deixo pra voce dizer qual Mil Milhas é).

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