sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

JÁ NÃO ERAM MAIS OS ANOS DOURADOS

ITACOLOMY 500

a história


Corria o ano de 1975, eu já não freqüentava Interlagos e outros circuitos com a mesma freqüência dos Anos Dourados. Os encargos profissionais de executivo junior de um grande banco estrangeiro, não mais me permitiam espaço e tempo suficiente para uma dedicação mais intensa aos assuntos automobilísticos. Mesmo assim numa desta janelas de folga, eu e um grande companheiro de indas e vindas a Interlagos, fomos assistir a Itacolomy 500. A bola da vez era o acirrado duelo entre os Mavericks e os Opalas, disputa esta que as vezes atingia altas temperaturas face as alegações de carros correndo fora de regulamento.
Mas voltando ao assunto “corrida”, no sábado durante os treinos, havia chovido muito, fazendo com que muitos pilotos entrassem logo na pista para marcar o tempo de classificação e irem treinando no piso molhado. Já para o final da tarde a chuva dava uma trégua e aqueles que não haviam se precipitado, tiveram chances de marcar melhores tempos. Muitos carros considerados favoritos não tiveram a chance de melhorar o tempo ficando posicionados mais atrás no grid de largada. Esta situação começou a preocupar principalmente os pilotos dos Opalas e Mavericks, pois o grid era formado por nada mais nada menos que 71 carros, (qual categoria hoje tem um grid destes ?) e ficar lá atrás significava ter de enfrentar um enorme congestionamento.
Uns 20 minutos antes de marcar o meio dia de domingo, os 71 carros dirigiram se para o grid de largada perante um público estimado de 12 mil pessoas ( fato raríssimo de se ver hoje em dia, salvo nas provas de Formula Truck ou alguma de stock ) A expectativa de ocorrência de acidentes na largada era grande, em razão do alto número de participantes, porém a mesma transcorreu sem maiores conseqüências e sem nenhum registro de totó. Após o fechamento da primeira volta, na segunda passagem pela torre, vinha liderando o pelotão o lendário Camilo Cristofaro com seu Maverick da equipe Caltabiano – Lobo, seguido por Bragantini também com Maverick . Entre os carros das categorias menores que vinham mais atrás o Passat de Francisco Artigas vinha liderando o pelotão. Assim foi até um pouco antes da metade da corrida, com a liderança tranqüila do clã Camilo Cristofaro ( pai e filho) seguido pelo Opala de Carpes e o Maverick de Aloisio em terceiro. Com o abandono do Camilo, a liderança passa a ser do Maverick de Aloysio com o Opala da dupla Campello e Marivaldo em segundo até o final da prova. Após seis horas de corrida imperava no meio de todos nós que estavam assitindo o espetáculo, o total desconhecimento das colocações e abandonos, tal era a confusão das informações passadas pelos organizadores. Mais tarde viemos saber que toda esta situação era decorrente da inexperiência e falhas da equipe de cronometragem, o que podia ser comprovado pela onda de protestos das equipes frente aos resultados apresentados. O resultado oficial e verdadeiro da prova, aconteceu somente alguns dias depois.

fatos pitorescos:

- A Itacolomy Automóveis concessionária Chevrolet e patrocinadora da prova, instituiu uma premiação a parte para os carros da marca que se classificassem nos primeiros lugares.
O primeiro Opala a receber o prêmio, foi o da Itacolomy pilotado pela dupla Campello e Marivaldo, que alguns dias depois foi desclassificado por culpa da General Motors que não forneceu a tempo os dados dos novos Opalas para homologação.
- A famosa frase de Camilo Cristofaro a um repórter enquanto voltava a pé para os boxes, “pode escrever ai que eu sou um salame” foi em razão de uma bricadeira que ele fez com um adversário quando liderava tranquilamente a prova. Esta brincadeira tirou lhe a concentração e o fez sair da pista e bater o carro.
- Os Mavericks da equipe Mercantil-Finasa-Motorcraft não chegaram a largar por interferência direta da Ford Brasil em razão da participação dos mesmos ter sido autorizada somente pelos comissários técnicos da CBA.
- Corria a todo instante o boato que Charles Nacache presidente da CBA que estava assistindo a corrida a convite do organizados da prova Antonio Carlos Avallone, iria proceder uma intervenção na FAP – Federação Paulista de Automobilismo, fato desmentido pelo próprio.

classificação final oficial

1. - Aloisio Andrade Filho, Ricardo Lenz – Maverick 28
2. - Artur Bragantini, Tite Catapani – Maverick 26
3. - Marinho Amaral, Manuel de Jesus Ferreira – Maverick 29
4. - Julio e Marcos Tedesco – Opala 5

Já não eram mais os Anos Dourados. Foi só o tempo de dar uma corrida aos boxes para comprimentar o meu velho amigo Marivaldo, muito cercado pela imprensa, patrocinadores e etc e etc e voltar rapidamente para casa, pois o domingo já estava para terminar e na segunda feira o trabalho no Banco me esperava de braços abertos.

Maverick 28 - Equipe Sonnervig - Vicsa, pilotado por Aloisio Andrade Filho e Ricardo Lenz

Maverick 26 - Equipe Manah, pilotado por Bragantini e Tite Catapani


Maverick 29 - Equipe Villela Tusa, pilotado Marinho Amaral e Manuel de Jesus Ferreira

Opala 5 - Equipe Tecnomotor, pilotado por Carlos Eduardo Andrade e Celso Frare

2 comentários:

  1. Parabens caro amigo, só quem viveu pode contar dessa maneira cheia de detalhes.
    Abraços

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  2. Manuel Jesus Ferreira, o grande "Manelão". Parabéns pela excelente matéria e pelo blog.

    Abraço,

    Fabiano.

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